álbum

Nara (1964)

Nasci Para Bailar

1982

músicas / letras (clique nas músicas para ver as letras)

  1. Nasci para bailar (Paulo André / João Donato)

    Atravessei sete montanhas pra chegar no mar
    Porque nasci, nasci para bailar
    Abri veredas e cancelas pra poder passar
    Porque nasci, nasci para bailar
    Danço bolero, danço samba, danço cha-cha-cha
    Rimo Raimundo com a virada desse mundo
    Vou no raso, vou no fundo
    Mas um dia chego lá
    Rodo bandeira, dou pernada, dou rasteira
    Toco surdo e frigideira, atabaque e ganzá
    Porque nasci, nasci para bailar

  2. Pede passagem (Sidney Miller)

    Chegou a hora da escola de samba sair
    Deixa morrendo no asfalto uma dor
    Que não quis
    Quem não soube o que é ter alegria na vida
    Tem toda a Avenida
    Pra ser muito feliz
    Vai, arrasta a felicidade pela rua
    Esquece a quarta-feira e continua
    Vivendo, chegando
    Traz unido o povo, cantando com vontade
    Levando em teu estandarte uma verdade
    Seu coração
    Vai, balança a bandeira colorida
    Pede passagem pra viver a vida

  3. Luz do sol (Tem do filme “Índia”) (Caetano Veloso)

    Luz do sol que a folha traga e traduz
    Em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força e luz
    Céu azul que vem até onde os pés tocam na terra
    E a terra inspira e exala seus azuis
    Reza, reza o rio,
    Córrego pra o rio, o rio pro mar
    Reza correnteza, roça a beira, doura a areia
    Marcha o homem sobre o chão
    Leva no coração uma ferida acesa
    Dono do sim e do não
    Diante da visão da infinita beleza
    Finda por ferir com a mão essa delicadeza
    Coisa mais querida
    A glória da vida
    Luz do sol que a folha traga e traduz
    Em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força e luz

  4. Supõe (Supon) (Silvio Rodriguez / Versão: Chico Buarque)

    Supõe que já cruzamos pela vida
    Mas nos deixamos sempre para trás
    Porque eu andava sempre na avenida
    E tu corrias pelas transversais
    Supõe que num comício colorido
    A praça, enfim, vai nos conciliar
    Supõe que somos do mesmo partido
    Supõe a praça a se inflamar
    Bandeiras soltas pelo ar
    E tu começas a cantar
    Supõe que eu vibro, comovida
    E supõe que eu sou tua canção
    Supõe que te apresentas como amigo
    E me perguntas nome e profissão
    Comentas que faz sol, ou tem chovido
    Ou outro comentário sem razão
    Supõe que eu te observo, compreensiva
    Porém, não tenho nada a acrescentar
    Supõe que falas coisas dessa vida
    Como querendo aparentar
    Que tu tens muito o que contar
    Que és um tipo original
    Supõe que rio, divertida
    E supõe que eu sou tua canção
    Supõe que nós marcamos um cinema
    Mas chegas lá pro meio da sessão
    Pois teu trajeto tem algum problema
    Que só te leva noutra direção
    Supõe que agora a tela me ilumina
    Tu ficas assistindo ao meu perfil
    Supõe a minha mão tão recolhida
    Que não percebe a tua mão
    Que não percebe a minha mão
    Que não é sim, que não é não
    Supõe que eu sigo distraída
    E supõe que eu sou tua canção
    Supõe que a boa sorte é nossa amiga
    E que das 3 às 5 pode ser
    Meu pai acaba de dobrar a esquina
    E tu vens me encontrar, enfim, mulher
    Supõe que sem pensar nos abraçamos
    Supõe que tudo está como previmos
    É a primeira vez que nos amamos
    Porém, supõe que falas sem parar
    Supõe que o tempo vem e vai
    Supõe que és sempre original
    Supõe que nós não nos despimos
    E supõe que eu sou tua canção

  5. Maravilha curativa (Miltinho / Kledir Ramil)

    Vou me embora pra Abudabi
    Lá eu vou ser feliz
    Longe de ti e do filho
    Que a gente fez, mas não quis
    Suspende a conta conjunta
    E o meu banho de butique
    E aquele meu velho sonho
    De morar em Moçambique
    Ficou feijão na cozinha
    Farofa e arroz integral
    E um doce de açúcar mascavo
    Que eu comprei no Natural
    Já dancei em muita história
    Acho que essa é minha sina
    Árdua e dura, minha amiga
    A vida da bailarina
    Levo comigo a lembrança
    Dessa paixão radioativa
    E um frasco da milagrosa
    Maravilha curativa
    Dá um beijo nos amigos
    E um trambique no armazém
    Se perguntarem por mim
    Diz que morri, mas vou bem

  6. Tou com o diabo no corpo (Sivuca / Paulinho Tapajós)

    Tô queimando de amor, deixa queimar
    Seja lá como for, quero é calor
    Acabei de beber todo o sol com pimenta
    E depois de aguentar a tormenta
    Ninguém vai me aguentar
    Tô queimando de amor, deixa queimar
    Deixa assim como está, deixa esquentar
    A noite inteira eu sou coração de fogueira
    Um vulcão e um montão de besteira a se espalhar
    Eu sou palhaço, poeta devasso
    Um pedaço do bem e do mal
    Louco por pouco ou por tanto
    Um encanto que não tem final
    Um pecado guardado
    Aguardado querendo pecar
    Sou brasa acesa, eu sou sobremesa
    Princesa de um reino irreal
    Tenho a mania e a maneira
    De ser feiticeira fatal
    Sou um doce salgado
    Um sonho safado
    Febre de alucinar

  7. Questão de tempo (Kleiton Ramil)

    Há de navegar, há de navegar
    Há de navegar pelas ondas desse mar

    Alguém há de ouvir
    A história disso aqui
    Há tanta esperança
    Manda uma lembrança
    Dessa terra nua
    Dessa gente boa
    Dessa mesa farta
    Da conversa à toa
    Que vai ser a gota
    Dentro dessa vida
    Ouça, minha amiga
    É questão de tempo

    Há de navegar, há de navegar
    Há de navegar pelas ondas desse mar

    Alguém há de encontrar
    De cara se espantar
    Com toda essa história
    Guardada na memória
    E vai ser de um jeito
    Sem botar defeito
    E que vai crescendo feito labareda
    Que vai ser um grito
    No meio da cidade
    Ouça, meu amigo
    É questão de tempo

  8. Manto Negro (Elton Medeiros / Antônio Valente)

    Quando a noite vem chegando
    Com seu véu cobrindo tudo
    Dentro do meu coração
    Também descem as trevas da desilusão
    Ah, se esse manto negro
    Quando escurecesse o mundo
    Apagasse a sombra que ela deixou
    Feito um fantasma de filme de terror
    A torturar meu peito
    Em cada despedida fica para trás
    Um resto de lembrança que não se desfaz
    Quando a noite traz silencio e solidão
    Renasce a recordação

  9. Gaiolas Abertas (João Donato / Martinho da Vila)

    Voa, voa passarinho, voa
    A janela está aberta
    Nada já te prende mais
    Voa, bate asa e vai embora
    Mas há perigos lá fora
    Visgos e pedras mortais
    Voa
    Pra ser livre valem os riscos
    Voa
    Foge lá pros altos picos
    Canta
    Pra chamar o companheiro
    Que anda voando fagueiro
    Entre frutas tropicais

  10. Imagina só (Imaginate) (Silvio Rodriguez / Versão: Chico Buarque)

    Imagina só
    Que eu desde pequena
    Provava um bocado
    Da tua merenda
    Imagina só
    Que eu sou da tua sala
    Carregas meus livros
    E eu te passo cola
    Imagina só
    Que eu sou da tua rua
    Abri uma porta
    De frente pra tua
    Imagina só
    Que o teu cão amigo
    Só sabe o teu cheiro
    Quando estás comigo
    Imagina só
    Que eu sou tua dama
    Teu último sonho
    A mais viva chama
    Imagina só
    Que eu sou tua garota
    Nós dois para sempre
    Que não és de outra

  11. Caso do Acaso (David Tygel)

    De quem é que hoje eu desejo
    O fogo de um beijo
    E o coração pra sentir?
    Tanta coisa infinita que agita meus ossos e carne
    E tudo o que vem por aí
    Por quem é que procuro
    Nos becos escuros
    No rumo da noite, quem é, afinal?

    de quem é que preciso do abraço, do riso
    De um caso no acaso desse carnaval
    De quem é que pressinto a agonia
    Quem sabe do dia
    Bem antes da noite acabar
    Quem planeja em segredo o enredo
    Em que eu, mestre-sala
    Consiga o primeiro lugar
    Por quem é que procuro nos becos escuros
    No rumo da noite, quem é, afinal
    De quem é que preciso
    Do abraço, do riso
    De um caso no acaso desse carnaval

  12. Penar (Antonio Adolfo / Paulinho Tapajós)

    É lindo o teu penar
    Passarinho-cantor
    Ter penas pra voar
    Beijar tanta flor

    Quero as suas penas todas para mim
    Meu querubim
    Quero me espalhar também no seu jardim
    E ser talvez um grande amigo do jasmim
    E assim que as flores todas conquistar
    Sorrir das penas do penar

  13. A Primeira Sentença (Túlio Mourão)

    Toda a pele é bem pouca
    É raso o vaso do corpo
    Pra todo desejo, toda vontade
    Que a gente tem de se encontrar
    A luz que deixa meus olhos
    Não morre em nenhuma estrela
    Sem tocar a face, o chão, a mesa
    E cair presa de outro olhar
    Quando o amor nos atira
    Pra fora, pra longe de nós mesmos
    Quem não partir tem salgada
    A boca, a casa e o jardim
    E a gente cumpre a sentença
    Ninguém cabe nunca em si mesmo
    A mais pequena alegria
    Não pára, não aquieta
    Num só coração

ficha técnica

Gravadora: Philips

Direção de produção: Antonio Adolfo e Nara Leão

Direção artística: João Augusto (Deck)

Arranjos: Antonio Adolfo e João Donato

Arregimentação e cópias: Clovis Mello

Técnicos de gravação: Ary Carvalhaes, João Moreira, Luiz Cláudio Coutinho e Jairo Gualberto

Técnicos de mixagem: Ary Carvalhaes e Jairo Gualberto

Auxiliares de estúdio: Julinho, Manoel, Charles e Carlinhos

Montagem: Ricardo Pereira

Corte: Ivan Lisnik

Produção gráfica: Edson Araújo

Arte: Mariano Martins

Arranjos e regências: Antonio Adolfo e João Donato (Gaiolas Abertas)

Capa e fotos: Frederico Mendes

Agradecimento especial à L’Air du Temps

Gravado em maio e junho de 1982