
Romance Popular
1981
(clique nas músicas para ver as letras)
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Amor nas estrelas (Roberto de Carvalho / Fausto Nilo)
No alto de uma montanha
Existe um lago azul
É lá que a lua se banha
E até amanhã de manhã
Me banha de luz
A solidão é um Saara
Que o Firmamento seduz
E o céu brilha na Guanabara
E sonha só fascinação
Teu olhar me diz
Vendo a lua dizendo pro sol
Eu sou tua namorada
Em meu quarto crescente é você quem brilha e me reluz
Se você vai iluminar o Japão eu fico abandonada
Num pedaço qualquer de canção na voz dessa mulher
E o sol derrama um desejo do céu
Nessa cama azul
Um mel na tua boca e eu te beijo
Até amanhã de manhã
Me banha de luz -
Laranja da China (Fagner / Fausto Nilo)
Areia branca
Areia fina
Vela no mar
Luz cristalina
Areia branca
Areia fina
Verde no mar
Pôr-do-sol na salina
Areia branca
Areia fina
Vela no mar
Luz cristalina
Risca no céu, meu amor
Me alucina
Areia branca
Areia fina
Vela no mar
Luz cristalina
E o meu amor adormeceu
Lambendo o mel
Longe da usina
Areia branca
Areia fina
Vela no mar
Luz cristalina
Laranja da terra
Coca-cola da China
Laranja da terra
Coca-cola da China -
Bloco do prazer (Moraes Moreira / Fausto Nilo)
Pra libertar meu coração
Eu quero muito mais
Que o som da marcha lenta
Eu quero um novo balancê
O bloco do prazer
Que a multidão comenta
Não quero oito nem oitenta
Eu quero o bloco do prazer
E quem não vai querer?
Mamãe, mamãe, eu quero sim
Quero ser mandarim
Cheirando gasolina
Na fina flor do meu jardim
Assim como o carmim
Da boca das meninas
Que a vida arrasa e contamina
O gás que embala o balancê
Vem, meu amor, feito louca
Que a vida tá pouca e eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta a paixão violenta
Oitenta carnavais -
Seja o meu céu (Robertinho de Recife / Capinam)
Seja o meu céu, seja o seu céu
O céu azul do meu destino
O céu de Ícaro e de Galileu
O céu de coro nordestino
Onde eu e Buñuel
Procuro o fogo de Prometeu
No caminho de Santiago
Eu, Clarisse e Manuel
Três Marias, Sete Estrelas
Constelações dos meus cabelos
No céu, no céu, no céu
Com o meu baião estarei
Desenhando um outro céu
Com o meu baião estarei
Desenhando um outro céu
Onde brilhem os olhos seus
Onde brilhem os olhos seus -
Romance popular (Stelio Vale / Chico Chaves / Fausto Nilo)
Doido de zabumba
Tonto de macumba
Gira de cigano e vai
Vai que toca fogo na cadeia
E solta o passarinho pra cantar
No peito da bumba a lua cheia
No coração da bomba o que será?
Será como um dançarino
Vai no pino da canção
E eu vou na direção do teu olhar
No fim do canto fino da sereia
Num verso de romance popular
Vem de manhã sorrindo e me incendeia
Que eu vou na direção do teu olhar
Moreno menino
Esqueça a cara do assassino
Até teu masculino me alegrar
No fim do canto fino da sereia
Num verso de romance popular
Eu rimo a solidão com a lua cheia
E vou na direção do teu olhar
Doido de zabumba
Tonto de macumba
Gira de cigano e vai -
Moça bonita (Geraldo Azevedo / Capinan)
Moço bonito,
O meu corpo cheira
Ao botão de laranjeira
Eu também não sei se é
Imagine o desatino
O teu cheiro de café
Mas o meu cheiro é feminino
É só cheiro de mulher
Moço bonito,
O teu olho brilha
Qual estrela matutina
Eu também não sei se é
Imagina a minha sina
É o brilho puro da fé
Ou é só brilho feminino
Ou é só brilho de mulher
Moço bonito,
O teu beijo pode
Me matar sem compaixão
Eu também não sei se é
Ou pura imaginação
Pra saber, você me dê
Esse beijo assassino
Nesses braços de mulher -
Por um triz (Clodo / Climério / Clésio)
Digamos que é querer demais
Que o laço que me prende a ti
Resista ao temporal maior
Não, meu bem, já é demais
Digamos que é querer demais
Que eu seja um espelho teu
Já refleti dormente, contente
O nosso amor
O teu destempero me seduz
Me conduz, me reduz
Ao que sou e assim já é demais
Se até hoje a gente foi feliz
Como quis, por um triz
Pra quê destruir a nossa paz? -
Traduzir-se (Fagner / Ferreira Gullar)
Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
Será arte?
Será arte?
Será arte? -
Luz brasileira (Nonato Luís / Fausto Nilo / Carlos Moreno)
Clara como a lua
Rara como o ar
Ai! Se eu fosse tua
A tua luz no meu olhar
Feliz da bandeira
Que a voz desenhar
Na luz brasileira
Além da voz do sabiá
Me espera, que eu quero ir
Não chora, que eu volto já
De quem vai, quero um “souvenir”
De quem vem, quero um bem na cara
Na cara, no olhar
Coração da rua
Canção popular
Claro é como a lua
O som da voz que faz brilhar
Linda é a natureza
Que rima em teu olhar
Toda essa beleza
De cada voz no singular
Peri quer amar Ceci
Aqui, ali, acolá
De quem vai, quer um “souvenir”
De quem vem, quer um bem na cara
Na cara, no olhar
Meu amor -
Cli-clê-clô (Fagner / Nara Leão / Fausto Nilo)
Cli, eu penso em quimera
Clô, acabado, fechado
Clê, passarinho quero-quero
Cli, um claro, um clarão
Cli, clivagem, clima seco
Lua nova, a origem de tudo
Claro, clarão da lua
Pôr-do-sol, coragem, partida
Ida e volta, volta e ida
Claro, clarão do sol
Clamor, quero a vida aberta
Clê, a chave do prazer
Ciclâmen, meu bem, me chame
No céu azul pra chover
Me ame, chame o meu nome
No meio do teu prazer
Atrás de qualquer reclame
Aquela voz pode ser
Me ame, meu bem, me ame
Me espere, eu vou com você -
Marinheira (Fernando Falcão / Fausto Nilo)
Quando for de tardezinha minha companheira
Na beira do rio lá nas Marinheiras
Meus olhos vazios vão te espiar
Lembra da lua saindo por trás da palmeira?
O rio é profundo e a dor traiçoeira
Tem dedos macios pra me pentear
Nunca matei passarinho, esse é meu segredo
Que a água do rio não pode escutar
Viver sem carinho me mata de medo
Eu sei que outro bicho vai te cobiçar
Se a tua beleza adormece mais cedo
Eu durmo com medo de nunca acordar
Pois o teu cabelo me escorre entre os dedos
E a água do rio vai te carregar
Acho que foi num domingo, foi no derradeiro
que eu senti no cheiro nascer meu penar
Um cego, um menino veio me contar
Trazendo a felicidade chegou um veleiro
Nas cores mais lindas desse mundo inteiro
Lá do meu terreiro eu pude avistar
Uma formosa senhora de olhar estrangeiro
Que o meu sete-estrelo pretende ofuscar
Que luz irradia, arde o seu cabelo
Como um pesadelo a me condenar
Mudaram meu nome, cortaram minha veia
E eu durmo com medo de nunca acordar
Pois o teu cabelo me escorre entre os dedos
E a água do rio vai te carregar
Gravadora: Philips
Projeto artístico: Nara Leão, Raimundo Fagner e Fausto Nilo
Direção de produção: Raimundo Fagner e Fausto Nilo
Coordenação da produção: Mariozinho Rocha
Técnicos de gravação: João Moreira e Luiz Cláudio Coutinho
Auxiliares de estúdio: Alberto Cebolinha, Carlinhos, Charles, Julinho e Miguel
Mixagem: Ary Carvalhaes
Corte: Ivan Lisnik
Arregimentação e cópia: Clóvis Mello
Capa: Fausto Nilo e Frederico Mendes
Foto: Frederico Mendes
Arte: Mariano Martins
Arranjos: Menescal, Lincoln Olivetti, Robertinho de Recife, Oberdan, Fagner, Nonato Luiz e Eduardo Souto Netto
Violão e guitarra: Menescal, Robertinho de Recife, Fagner, Nonato Luiz e Robson Jorge
Baixo: Nando, Marcos Lessa, Novelli, Ife e Décio
Bateria: Edinho, Paulinho Braga, Candinho, Elber Bedaque e Pascoal Meireles
Percurssão: Ariovaldo, Cidinho, Márcio e Pascoal Meireles
Piano: Lincoln Olivetti, Cidinho e Eduardo Souto Netto
Coro: Emília, Jane, Míriam e Nara
Viola portuguesa e cavaquinho: Manassés
Violão de sete cordas: Dino
Acordeom: Oswaldinho
Gravado no período de 16 de março a 16 de abril de 1981 nos estúdios Polygram
Participação de Raimundo Fagner, gentilmente cedido pela gravadora C.B.S. (na faixa “Traduzir-se”)