álbum

Nara (1964)

Nara

1967

músicas / letras (clique nas músicas para ver as letras)

  1. Tic-tac do meu coração (Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho)

    O tic tic tic tac do meu coração
    Marca o compasso do meu grande amor
    Na alegria bate muito forte
    E na tristeza bate fraco por que sente dor

    O tic tic tic tac do meu coração
    Marca o compasso de um atroz viver
    É o relógio de uma existência
    Que pouco a pouco vai morrendo de tanto sofrer

    Meu coração já bate diferente
    Dando sinal do fim da mocidade
    O seu pulsar é um soluçar constante
    De quem muito amou na vida com sinceridade

    Às vezes eu penso que o tic tac
    É um aviso do meu coração
    Que já cansado de tanto sofrer
    Não quer que eu tenha nessa vida mais desilusão

  2. Lancha nova (João de Barro e Antônio Almeida)

    Ô! Ô! Ô! Ô!
    Lancha nova no cais apitou
    E a danada da saudade
    No meu peito já chegou
    Adeus oh! Linda morena
    Não chores mais por favor
    Partindo eu morro de pena
    Ficando eu morro de amor.

  3. Por exemplo: você (Suely Costa e João Medeiros Filho)

    Ai se eu tivesse pela minha vida
    Uma dor sofrida
    Coisa tão aflita a me matar

    Eu não teria
    Companheiro saiba
    Tanto desespero que essa dor lhe causa
    E faz chorar

    Porque no mundo
    Só quem vive certo
    É quem tem por perto
    Um amor tão grande a dedicar

    E não sabendo,
    Tudo vai sumindo
    você vai partindo
    Para o nunca mais

    Por exemplo,
    Você não, não sabe
    Que é tarde tão triste
    Vivendo, morrendo
    A vida não lhe faz senão desesperar

    E o meu caminho é certo
    Vem de peito aberto
    Enfrentando tudo que chegar

    Uma certeza essa eu lhe digo, você meu amigo,
    Não vai mas chorar.

  4. Corrida de jangada (Edu Lobo e Capinan)

    Meu mestre deu a partida
    É hora, vamos embora
    Pros rumos do litoral
    Vamos embora
    Na volta eu venho ligeiro
    Vamos embora
    Na volta eu chego primeiro pra tomar teu coração
    É hora!
    Ora, vamos embora
    É hora, vamos embora
    É hora, vamos embora
    Vamos embora, ora, vamos embora!
    É hora, vamos embora
    É hora, vamos embora

    Viração virando vai
    Olha o vento, a embarcação
    Minha jangada não é navio, não
    Não é vapor nem avião
    Mas carrega muito amor
    Dentro do meu coração

    Sou meu mestre, meu proeiro
    Sou segundo, sou primeiro
    Reta de chegar
    Olha a reta de chegar
    Mestre, proeiro
    Segundo, primeiro
    Reta de chegar
    Reta de chegar

    Meu barco é procissão
    Minha terra é minha igreja
    Minha noiva é rosário
    No seu corpo vou rezar
    Minha noiva é meu rosário
    No seu corpo vou rezar

    Ora!
    Ora, vamos embora
    Vamos embora
    Vamos embora
    Vamos embora
    Vamos embora
    Ora, vamos embora
    Ora, vamos embora, nego

  5. De onde vens (Dori Caymmi e Nelson Motta)

    Ah, quanta dor vejo em teus olhos
    Quanto pranto em teu sorriso
    Tão vazias as tuas mãos
    De onde vens assim cansado
    De que dor, de qual distância
    De que terras, de que mar

    Só quem partiu pode voltar
    E eu voltei pra te contar
    Dos caminhos onde andei
    Fiz do riso amargo pranto
    No olhar sempre teus olhos
    No peito aberto uma canção

    Se eu pudesse de repente
    te mostrar meu coração
    Saberias num momento
    quanta dor há dentro dele
    Dor de amor quando não passa
    É porque o amor valeu

    Só quem partiu pode voltar
    E eu voltei pra te contar
    Dos caminhos onde andei
    Fiz do riso amargo pranto
    No olhar sempre teus olhos
    No peito aberto uma canção
    Se eu pudesse de repente
    te mostrar meu coração
    Saberias num momento
    quanta dor há dentro dele
    Dor de amor quando não passa
    É porque o amor valeu

  6. Se você quiser saber (Cristóvão de Alencar e Silvio Pinto)

    Ser voce quiser saber
    Eu lhe digo com prazer
    Porque é que a que a Vila
    é o melhor lugar desse mundo
    É que as cabrochas de lá
    Sabem dar valor ao amor de vagabundo

    Na vila não se tem o mal costume
    De se prometer amor eternamente
    Porque não há inveja nem ciúme
    Lá o amor é diferente.

    E quando as morenas alinhadas
    Passam com promessas no olhar
    Estrelas lá no céu envergonhadas
    Deixam até de cintilar.

  7. Camisa Amarela (Ary Barroso)

    Gosto dele assim, passou a brincadeira, e ele é pra mim...
    Encontrei o meu pedaço na avenida de camisa amarela
    Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela
    Convidei-o a voltar pra casa em minha companhia
    Exibiu-me um sorriso de ironia
    Desapareceu no turbilhão da galeria

    Não estava nada bom, o meu pedaço na verdade
    Estava bem mamado, bem chumbado, atravessado
    Foi por aí cambaleando se acabando num cordão
    Com um reco-reco na mão

    Depois o encontrei num café zurrapa do Largo da Lapa
    Folião de raça bebendo o quinto gole de cachaça
    Isso não é chalaça!

    Voltou às sete horas da manhã mas só na quarta-feira
    Cantando "A jardineira", oi, "A jardineira"
    Me pediu ainda zonzo um copo dÂ’água com bicarbonato
    Meu pedaço estava ruim de fato pois caiu na cama e não tirou nem o sapato

    Roncou uma semana
    Despertou mal-humorado
    Quis brigar comigo
    Que perigo, mas não ligo!

    O meu pedaço me domina
    Me fascina, ele é o tal
    Por isso não levo mal
    Pegou a camisa, a camisa amarela botou fogo nela
    Gosto dele assim
    Passou a brincadeira e ele é pra mim

    Gosto dele assim
    Passou a brincadeira e ele é pra mim

  8. Cabra Macho (Guto e Mariozinho Rocha)

    Cabra macho tem no norte
    Tem no sul, em toda parte
    Tem macho que é industrial
    Tem até porta-estandarte
    Tem sujeito importante
    Tem gente até sem nome
    Achar macho hoje é fácil
    O difícil é achar homem.

    Tem brigão que é valente,
    Tem covarde que é bondoso,
    Mas na hora de ajudar,
    O valente é que é o medroso
    E é por isso que eu falo
    E não quero citar nome
    Ser macho hoje é fácil
    O difícil é ser homem

    Tem tanto burro mandando
    Em homens de intelegência
    Que as vezes fico pensando
    Que a burrice é uma ciência
    E quem não me aceitar
    Nem por isso me consome
    Porque macho tem aos montes
    O dificil é achar homem.

    Não sou bom e não sou mal
    De jornal eu não sou crítico
    E também não sou político
    Sou pessoa bem normal
    Não sou pobre nem sou rico
    É por isso que critico
    Tem gente passando fome
    Mas também tem muito rico
    Que não é macho e nem é homem.

  9. No cordão da saideira (Edu Lobo)

    Chora menino
    Pra comprar pitomba
    Hoje não tem dança
    Não tem mais menina de trança
    Nem cheiro de lança no ar
    Hoje não tem frevo
    Tem gente que passa com medo
    E na praça ninguém pra cantar
    Me lembro tanto
    E é tão grande a saudade
    Que até parece verdade
    Que o tempo inda pode voltar

    Tempo da praia de ponta de pedra
    Das noites de lua, dos blocos de rua
    Do susto é carreira na caramboleira
    Do bomba-meu-boi
    Que tempo que foi
    Agulha frita, munguzá, cravo e canela
    Serenata eu fiz pra ela
    Cada noite de luar
    Tempo do corso, na Rua da Aurora
    É moço no passo
    Menino e senhora do bonde de Olinda
    Pra baixo e pra cima
    Do caramanchão
    Esqueço mais não
    E frevo ainda apesar da quarta-feira
    No cordão da saideira
    Vendo a vida se enfeitar

  10. Inspiração (Ubenor Santos)

    Lavarei as mãos
    Em lágrimas se algum dia eu derramar
    Ninguém ainda me fez chorar

    Pensando em um amor que já foi meu
    Fiz um poema da inspiração
    Que a saudade me deu
    Ela foi ingrata e me traiu
    O que vale é que meu coração resisistiu

    Uma falsidade é bem difícil esquecer
    Eu tive saudade mas não cheguei a sofrer

    Lavarei as mãos em lágrimas
    Se algum dia eu derramar
    Ninguém ainda me fez chorar.

  11. Soneto de separação (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

    De repente do riso fez-se o pranto
    Silencioso e branco como a bruma
    E das bocas unidas fez-se a espuma
    E das mãos espalmadas fez-se o espanto

    De repente da calma fez-se o vento
    Que dos olhos desfez a última chama
    E da paixão fez-se o pressentimento
    E do momento imóvel fez-se o drama

    De repente não mais que de repente
    Fez-se de triste o que se fez amante
    E de sozinho o que se fez contente

    Fez-se do amigo próximo, o distante
    Fez-se da vida uma aventura errante
    De repente, não mais que de repente

ficha técnica

Gravadora: Philips

Produção: Aloysio de Oliveira

Arranjos: Oscar Castro Neves

Capa: caricatura de LAN

Contracapa: Foto de Gaúcho