
Nara
1964
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Marcha Da Quarta-Feira De Cinzas (Carlos Lyra e Vinícius de Moares)
Acabou nosso carnaval
ninguém houve cantar canções
Ninguém passa mais brincando Feliz
e nos corações saudades e cinzas foi o que restou
Pels ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem sorri, se beija e abraça
e sai caminhando,
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é
preciso cantar
mais que nunca e preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade.
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
E o povo contente da vida feliz a cantar
Por que são tantas coisas azuis
Há tão grades promessas de luz
Tanto amor para amar e que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros canavais
com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
meu povo cantando seu canto de paz -
Diz que fui por aí (Hortênsio Rocha e Zé Keti)
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão debaixo do braço
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
Se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Tenho um violão para me acompanhar
Tenho muitos amigos, eu sou popular
Tenho a madrugada como companheira
A saudade me dói, em meu peito me rói
Eu estou na cidade, eu estou na favela
Eu estou por aí
Sempre pensando nela -
Feio não é bonito (Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri)
Salve as belezas desse meu Brasil
Com seu passado e tradição
E salve o morro cheio de glória
Com as escolas que falam no samba
Da sua história
Feio, não é bonito
O morro existe
Mas pede pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza
E só o que se tem pra contar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente
E nunca se deixa quebrar
Ama, o morro ama
O amor aflito, o amor bonito
Que pede outra história -
Canção da Terra (Edu Lobo e Ruy Guerra)
Olorum dê
Olorum dê
Olorum
I si bê o bá
I si bê o bá
Ave meu pai o teu filho morreu
Sem ter nação para viver
sem ter um chão para plantar
sem ter amor para colher
sem ter voz livre pra cantar
e meu pai morreu
Salve meu pai o teu filho nasceu
É preciso ter força para amar
e o amor é uma luta que se ganha
é preciso ter terra para morar
e o trabalho que é teu ser teu
só teu de mais ninguém
Salve meu pai o teu filho cresceu
E muito mais é preciso é não deixar
Que amanhã por amor possas esquecer
que quem manda na terra tudo quer
e nem o que é teu bem vai querer dar
por bem não vai não vai (3x)
salve meu pai o teu filho viveu
Olorum dê
Olorum dê
Olorum
I si bê o bá
I si bê o BA -
O sol nascerá (A sorrir) (Agenor de Oliveira “Cartola” e Elton Medeiros)
A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade perdida
A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade perdida
Finda a tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar
A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade perdida -
Luz Negra (Nelson Cavaquinho e Amâncio Costa)
Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
E não consigo achar ninguém
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.
A luz negra de um destino cruel
Que ilumina este teatro sem cor
Onde estou desempenhando o papel
De palhaço do amor
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim. -
Berimbau (Baden Powell e Vinícius de Moraes)
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom, não cai
E se um dia ele cai, cai bem
Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará -
Vou por aí (Baden Powell e Aloysio de Oliveira)
Vou por aí
Esquecendo que você passou
Me lembrando coisas que perdi
Sem saber sequer aonde estou
Por isso eu ando, paro
Sem saber sequer aonde vou
Vou por aí
Um caminho que não é o meu
Encontrando o que não quero ter
Procurando o que não vou achar
Por isso canto, choro
Sem saber se ainda sei chorar -
Maria Moita (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes)
Nasci lá na Bahia
De Mucama com feitor
Meu pai dormia em cama
Minha mãe no pisador
Meu pai só dizia sim, venha cá
Minha mãe dizia sim, sem falar
Mulher que fala muito perde logo seu amor
Deus fez primeiro o homem
A mulher nasceu depois
Por isso é que a mulher
Trabalha sempre pelos dois
Homem acaba de chegar, tá com fome
A mulher tem que olhar pelo homem
E é deitada, em pé, mulher tem é que trabalhar
O rico acorda tarde, já começa resingar
O pobre acorda cedo, já começa trabalhar
Vou pedir ao meu Babalorixá
Pra fazer uma oração pra Xangô
Pra por pra trabalhar gente que nunca trabalhou -
Réquiem por um amor (Edu Lobo e Ruy Guerra)
Quando vi
teus olhos se fechar
teu olhar
aos poucos se perder
Devagar morrias
era inútil
o meu imenso espanto
e a tua cor
ganhou o tom mais triste
do nosso eterno adeus
Eu vim
te ver mais esta vez
uma flor
te deixo neste adeus... -
Consolação (Baden Powell e Vinícius de Moraes)
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
Melhor era tudo se acabar
Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor
Ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei
É que ninguém nunca teve mais
Mais do que eu -
Nanã (coisa nº 5) (Moacyr Santos e Mário Telles)
Gravadora: Elenco
Arranjos: Lindolfo Gaya e Moacir Santos (música 12)
Produtor: Aloysio de Oliveira
Direção Artística: José Delphino Filho
Gerente de Produção: Peter Keller
Técnico de gravação e engenheiro de som: Norman Sternberg
Foto: Francisco Pereira
Capa: Cesar G. Vilela
Violão: Geraldo Vesper na faixa 2 e Baden Powell na faixa 7